quarta-feira, 10 de junho de 2015

Cooperativismo desenvolve projeto de biogás

Parceria envolvendo Languiru e Sistema Ocergs-Sescoop/RS viabiliza geração do insumo em Bom Retiro do Sul
Jefferson Klein
MARCELO G. RIBEIRO/JC
Perius valoriza transformação de problema ambiental em energia
A geração de biogás (oriundo de rejeitos orgânicos) ganha cada vez mais força no Rio Grande do Sul. Entre as iniciativas já desenvolvidas no Estado encontram-se a do Consórcio Verde-Brasil (formado pelas empresas Ecocitrus e Naturovos), em Montenegro, e da Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), em Minas do Leão. Agora, é a vez da Languiru utilizar dejetos suínos para a produção do gás em Bom Retiro do Sul. A ação da cooperativa tem a parceria do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, DGRV (federação de cooperativas alemãs), a empresa Ökobit (fornecedora da tecnologia) e o instituto de pesquisa Agro Science (essas últimas duas entidades também de origem germânica).

O projeto "Biogás produzido a partir de resíduos para o fortalecimento das cooperativas" será apresentado amanhã, na sede da Languiru, em Teutônia. Depois de explicações técnicas, será possível acompanhar, na prática, a geração de biogás que a cooperativa realiza em sua unidade produtora de leitões em Bom Retiro do Sul. Apesar do evento dessa quinta-feira, a produção do biogás no local ocorre desde abril.
O engenheiro ambiental da Languiru Tiago Feldkircher detalha que a capacidade de geração de biogás é de até 5 metros cúbicos por hora. Esse volume é suficiente para que a unidade da cooperativa substitua o consumo total de GLP (gás de cozinha) pelo novo combustível. O insumo é utilizado para esquentar água e também para o cozimento de alimentos. Existe a possibilidade de aproveitar, futuramente, o gás para a geração de energia elétrica, mas em pequena escala.

Feldkircher explica que o biogás é composto por diversos gases, sendo que o principal deles é o metano (em torno de 70% de participação). Para a sua geração, os dejetos seguem para dois biodigestores, cada um com capacidade para 1,5 mil metros cúbicos de rejeitos. Após o material ser utilizado para a produção do gás (através da biodigestão), é empregado como adubo. Anteriormente, o gás era apenas queimado, em vez de ser aproveitado na produção de energia.

Feldkircher adianta que a Languiru está trabalhando, ainda em parceria, em um estudo de maior porte para o uso de outros materiais, além dos dejetos suínos, como lodo de estação de tratamento e gordura proveniente dos frigoríficos. O engenheiro comenta que, provada a viabilidade da ação, será feito um empreendimento de maior porte. "Como somos uma cooperativa, a ideia é buscar soluções para os associados", diz o engenheiro.

O presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Vergilio Perius, ressalta que propostas semelhantes a envolvendo a Languiru podem ser aproveitadas por várias cooperativas agroindustriais gaúchas que têm entre os seus resíduos dejetos orgânicos. "Podemos transformar o que hoje é um problema ambiental em solução de produção energética", enfatiza.


De acordo com o dirigente, o objetivo com o modelo em Bom Retiro do Sul é servir de referência e pulverizar a geração do biogás no Estado. O presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS adianta que a Languiru colocou-se à disposição para "abrir as portas" às cooperativas que queiram conhecer o complexo. Conforme Perius, o projeto não acarretou grandes investimentos, significando um aporte de aproximadamente R$ 1 milhão.

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