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Peça
teatral infantil do livro homônimo O MENINO QUE COOPERAVA, de Luiz Roberto
Dalpiaz Rech.
O texto
visa desenvolver na criança e no pré adolescente uma consciência de grupo, de
coletividade, de cidadania, de respeito e, consequentemente, de cooperação.
Personagens
Do Primeiro
Ato:
Henry Cope,
o menino que cooperava
Raledá, o
pai e a vovó Airam (cuja voz aparece em off vindo de dentro da casa)
Personagens
Do Segundo
Ato:
Henry Cope,
o menino que cooperava
Raledá, o
pai,
e Ailime,
professora (cuja voz aparece em off vindo de algum lugar))
Personagens
Do Terceiro
Ato:
Henry Cope,
MLaise, sua
prima e colega de escola
Oileh,
colega de escola
Ailez,
prima
Maidér,
colega de escola
PRIMEIRO
ATO
Ambiente:
Varanda de
uma casa, noite agradável, iluminada por uma lua cheia claríssima e por milhões
de estrelas faiscante, ouvem-se grilos criquilando... Sentados comodamente em
duas redes, Henry e o pai Raledá, contemplam embevecidos o espetáculo que a
natureza lhes oferece aos olhos e que encanta-lhes a alma.
Henry, com
um brilho nos olhos e um leve sorriso, olhando profundamente para o céu, e
pensando em voz alta, diz:
HENRY: -
Belas mas vivem tão sozinhas!
Raledá,
pensando que a pergunta lhe era dirigida, respondeu:
RALEDÁ: -
As estrelas, filho? Elas não vivem sozinhas. Veja que formam grupos de milhões
e milhões, a perder de vista!
HENRY: -
Milhões e milhões papai?
RALEDÁ: -
Sim, por isso o céu está em festa e a noite parece uma grande fogueira acesa...
O menino
deu uma risada de tão encantado, e bateu palmas alegremente. O pai prosseguiu:
RALEDÁ: -
Pense agora naquelas muitas luzinhas se unindo, se unindo, se unindo... o que
formarão?
HENRY: - Eu
sei! Eu sei!... Uma grande luz, bem brilhante!
RALEDÁ: -
Isso, filho! Estás entendendo a mensagem...
HENRY: -
Mensagem...papai?
RALEDÁ: -
Ouça, Henry, imagine cada estrelinha daquela sendo um ser humano, um se unindo
ao outro...e teremos...?
HENRY: - Um
mundo iluminado pelas pessoas! - gritou o menino, enquanto ria gostosamente do
rosto espantado de Raledá.
RALEDÁ: - E
uma humanidade forte, unida, vencedora, completou o pai.
Ficaram
alguns minutos em silêncio, meditando no que haviam conversado, até que Henry
falou:
HENRY: -
Puxa, que legal! Nunca tinha pensado nisso.
RALEDÁ: - E
sabe qual é o nome disso?
HENRY: -
Nãozinho.
RALEDÁ: -
Cooperação, cooperativismo. Palavra grande, né, mas eu te explico.
HENRY: - Tô
escutando, papai.
RALEDÁ: -
Ontem, lembras que passou sobre a nossa casa um bando de gansos selvagens em
direção ao Sul, voando em forma de um "V"?
HENRY: -
Claro que lembro! Achei lindo!
RALEDÁ: -
Pois é: é um belo exemplo de cooperação que vem do mundo animal.
HENRY: -
Como assim?
RALEDÁ: - O
segredo é este: ao voar em "V" cada ave ao bater as asas, puxa o ar
para cima, ajudando a parceira que vem atrás a permanecer no voo...
HENRY: -
Legal!
RALEDÁ: -
... Assim, o bando aproveita a maior parte da força do voo, o que não ocorreria
com a força do voo de uma ave voando sozinha... Pense nas pessoas...Sacou,
filho?
HENRY: -
Claro! Se as pessoas voarem em "V", na mesma direção, ajudando o voo
umas das outras, chegarão mais longe e mais rápido!
RALEDÁ: -
Não exatamente voando, Henry, mas trabalhando juntas para um mesmo objetivo;
participando, cada uma, com sua energia e ideiais: isso nós chamamos de
cooperação!
HENRY: -
Mas se elas não quiserem trabalhar juntas? - perguntou o pequeno, em dúvida.
RALEDÁ: -
Voltemos ao exemplo dos gansos para entenderes melhor. No voo, se um deles sai
do bando, fica apenas com sua força, que é pouca para voar sozinho. Então se
obriga a entrar na formação em "V", aproveitando a força de todos,
para chegar ao local da migração.
HENRY: -
Ah!
RALEDÁ: - E
quando o ganso líder se cansa, ele muda de posição e outro assume seu lugar.
HENRY: - Já
sei! Parece a corrida de bastões que fiz na olimpíada da escola. A gente corria
e revezava com o colega, aumentando o nosso pique e a nossa força, na corrida,
passando o bastão para o da frente, que passava para o outro, até chegar ao
final.
RALEDÁ: - E
aí?
HENRY: -
Nossa equipe venceu!
RALEDÁ: -
Sim, é um belo exemplo de cooperação esportiva. Te lembras do que faziam teus
colegas enquanto corrrias com o bastão?
HENRY: -
Eles aplaudiam e gritavam "Vai, Henry Cope, força, tu consegues,
vai!"
RALEDÁ: -
Este, filho, era o estímulo para continuares. No voo dos gansos também há
estímulos: os de trás gritam encorajando os da frente para manter a velocidade.
E se um deles fica doente ou é ferido e cai, dois gansos saem da formação para
ajudá-lo e protegê-lo, até que consiga voar de novo, ou até que morra. Então
partem sozinhos ou em outra formação até encontrar seu bando.
HENRY: -
Puxa, papai, fiquei emocionado com o exemplo dos gansos! Acho que aconteceu uma
coisa parecida na nossa corrida, posso contar?
VOVÓ AIRAM
OFF: - Entrem pra dentro, meninos, já tá ficando tarde!
Raledá,
levantando-se e espreguiçando-se, responde a Henry:
RALEDÁ: -
Amanhã, filho, porque agora é hora de entrarmos para dormir. Vovó Airam nos
chama. Mas siga pensando no que conversamos, durante o sono, a gente pode
aprender muito...
SEGUNDO ATO
Ambiente: o
mesmo do primeiro ato
RALEDÁ: -
Ficaste de contar sobre a corrida na escola, Henry. É tudo contigo!
HENRY: -
Sim, papai. Durante nossa corrida de bastões, um coleguinha caiu.
RALEDÁ: - E
o que tu fizeste?
HENRY: -
Ué, parei de correr e o ajudei a se levantar. Ele tem um probleminha...
RALEDÁ: - E
o que aconteceu depois?
HENRY: -
Ele sorriu, agradeceu, e se pôs a correr que quase completou o revezamento
antes de mim!
RALEDÁ: -
Estou muito orgulhoso do seu gesto, meu filho.
HENRY: -
Fica orgulhoso também do Maidér, papai. Mesmo deficiente, conseguiu terminar a
prova, e ficou, como diz a vovó Airam, com
"a boca lá nas orelhas!".
RALEDÁ: - O
que tu fizeste, foi um gesto solidário, de amor: isso chamamos de coorperação!
HENRY: - Só
segui o que o senhor sempre ensinou para mim e para a mana: que o homem não é
uma ilha, que ninguém faz nada sozinho, naquelas estorinhas das abelhas, dos
peixes, das formigas e outros animaizinhos que trabalham cooperando uns com os
outros.
RALEDÁ: -
Isso, isso!
HENRY: -
Aquela no jardim da vovó Airam durante o verão, não esqueço nunca!
RALEDÁ: -
Ah, é? Faz tanto tempo! Vamos ver como está tua memória, conta pra mim.
HENRY: - É
pra já, papai. As formiguinhas trabalhavam sem parar juntando e guardando
comida para o inverno, enquanto as cigarras cantavam para elas...
RALEDÁ: -
Amenizando o árduo trabalho delas: isso também é cooperação entre os bichos, e
mais um exemplo para nós humanos.
HENRY: - A
professora Ailime também nos ensina coisas bonitas, papai. Uma vez ensinou a
turma a fazer uma pandorga, e disse que que ela só sobbe e se mantém no ar se
tiver vento soprando contra.
RALEDÁ: - E
ela tem razão! O que quis dizer é que, mesmo contra a força do vento, a
pandorga insiste e consegue voar muito alto. Na vida não é diferente: os
obstáculos são o vento contrário, e existem para nos fortalecer e nos mostrar
que podemos vencê-los. Assim como a pandorga vence a força do vento, devemos
vencer as forças que impedem nosso progresso.
HENRY: -
Sim, mas a sala de aula ficou coberta de cola, pedaços de papel, varetinhas,
cordões!
RALEDÁ: -
Aposto que todos ajudaram na limpeza? Acertei?
HENRY: -
Acertou, papai, e quando estávamos no meio da limpeza, me lembrei que a
professora sabia cantar e pedi-lhe que cantasse. Rindo, ela bateu palmas para
acalmar a turma, e começou a cantar esta música:
(ouve-se,
em off, uma voz a feminina, suave, doce, em tom médio, vindo de qualquer lugar)
Criança
feliz,/feliz a cantar
Alegre a
embalar/seu sonho infantil
Oh! meu bom
Jesus,/ que a todos conduz
Olhai as
crianças do nosso Brasil
Crianças
com alegria/ Qual bando de andorinhas
Viram Jesus
que dizia/Vinde a mim as criancinhas
Hoje no cé
um aceno/Os anjos dizem amém
Porque
Jesus Nazareno/Foi criancinha também.
HENRY: -
Parecia uma cigarra, papai, cantando para aquelas formiguinhas alegres, e em
pouco tempo a sala ficou num brilho!
RALEDÁ: -
Parabéns pela tua iniciativa, Henry! Isso nos mostra que há muitas formas de
cooperação!
HENRY: -
Agora, já sei o que fazer quando a mamãe pedir para o senhor ajudar na lavação
da louça aqui em casa...
RALEDÁ: - O
que vais fazer, perguntou Raledá, tod desconfiado.
HENRY: -
Vou cantar para vocês!
RALEDÁ: -
Boa ideia, filho (e após, baixinho), mas me ajuda a lavar a louça!
Entram para
dentro da casa.
TERCEIRO
ATO
Ambiente:
natureza livre, mata, pedras, Henry Cope e seus amiguinhos Maidér, Oileh,
MLaise e Ailez, estão em uma caminhada no sítio Olerama, de seu avô. Chegam a
um riacho com pequena ponte abandonada, ligando as duas margens, feita de
madeira, um tanto envelhecida. Muito cuidado para atravessá-la. Uns queriam
retornar à casa do sítio, tinham medo de cair na água. Henry, tranquilo,
garantiu que todos passariam sem cair, e lhes mostraria.
MLAISE: -
Não! Não vou botar meu pé nessa ponte! Tenho medo de cair! Vamos voltar para o
sítio, turma! Vamos! Vamos!
HENRY: -
Calma, priminha. Não precisa ter medo. É fácil atravessar se um ajudar o outro.
Quer ver? Me dá tua mão, MLaise e
(posicionado na frente da ponte) venha comigo devagar, isso...isso...
(chegando na outra margem) chegamos! Viu, pessoal! Deem-se as mãos como nós
fizemos e passem devagar.
Oileh, se
dirigindo a Ailez:
OILEH: -
Vamos lá Ailez!
AILEZ: -
Vamos Oileh!
MAIDÉR: -
Vou nessa! Vou nessa!
Quando
todos passaram, Henry lhes falou:
HENRY: -
Papai chama a isso de cooperação. Uns ajudando os outros, para um mundo melhor!
De repente,
Maidér exclama:
MAIDÉR: -
Ih, gente, tá ficando tarde! Vamos voltar enquanto ainda tem claridade.
E dando as
mãos, mais uma vez, passaram em fila pela ponte velha, cantando, alegres,
assim:
"Hoje
aprendemos na ponte,
inesquecível
lição:
Sozinhos,
nada vencemos,
temos que
dar as mãos,
só assim
construiremos
um novo
mundo, e então
cada um
entenderá
o que é
COOPERAÇÃO!"
(repetir
duas vezes)